Capítulo 1, verso 14 - Capítulo 13, verso 8
14
Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos.
15
E naqueles dias, levantando-se Pedro no meio dos discípulos (ora a multidão junta era de quase cento e vinte pessoas) disse:
16
Homens irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus
17
Porque foi contado conosco e alcançou sorte neste ministério.
18
Ora, este adquiriu um campo com o galardão da iniqüidade
19
E foi notório a todos os que habitam em Jerusalém
20
Porque no livro dos Salmos está escrito: Fique deserta a sua habitação, E não haja quem nela habite, Tome outro o seu bispado.
21
É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós,
22
Começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição.
23
E apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias.
24
E, orando, disseram: Tu, Senhor, conhecedor dos corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido,
25
Para que tome parte neste ministério e apostolado, de que Judas se desviou, para ir para o seu próprio lugar.
26
E, lançando-lhes sortes, caiu a sorte sobre Matias. E por voto comum foi contado com os onze apóstolos.
Capítulo 2
1
E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar
2
E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
3
E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
4
E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
5
E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
6
E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
7
E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando?
8
Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?
9
Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,
10
E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
11
Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.
12
E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?
13
E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.
14
Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes: Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras.
15
Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo a terceira hora do dia.
16
Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel:
17
E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne
18
E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão
19
E farei aparecer prodígios em cima, no céu
20
O sol se converterá em trevas, E a lua em sangue, Antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor
21
E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
22
Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis
23
A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos
24
Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela
25
Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, Porque está à minha direita, para que eu não seja comovido
26
Por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou
27
Pois não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção
28
Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida
29
Homens irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura.
30
Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono,
31
Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção.
32
Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas.
33
De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.
34
Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio diz: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
35
Até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés.
36
Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.
37
E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?
38
E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados
39
Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.
40
E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.
41
De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra
42
E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
43
E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.
44
E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum.
45
E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.
46
E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
47
Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.
Capítulo 3
1
E Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona.
2
E era trazido um homem que desde o ventre de sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam.
3
O qual, vendo a Pedro e a João que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola.
4
E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós.
5
E olhou para eles, esperando receber deles alguma coisa.
6
E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro
7
E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram.
8
E, saltando ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no templo, andando, e saltando, e louvando a Deus.
9
E todo o povo o viu andar e louvar a Deus
10
E conheciam-no, pois era ele o que se assentava a pedir esmola à porta Formosa do templo
11
E, apegando-se o coxo, que fora curado, a Pedro e João, todo o povo correu atônito para junto deles, ao alpendre chamado de Salomão.
12
E quando Pedro viu isto, disse ao povo: Homens israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem?
13
O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu filho Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, tendo ele determinado que fosse solto.
14
Mas vós negastes o Santo e o Justo, e pedistes que se vos desse um homem homicida.
15
E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas.
16
E pela fé no seu nome fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis
17
E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes.
18
Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado
19
Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor,
20
E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado.
21
O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio.
22
Porque Moisés disse aos pais: O Senhor vosso Deus levantará de entre vossos irmãos um profeta semelhante a mim
23
E acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povo.
24
Sim, e todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também predisseram estes dias.
25
Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra.
26
Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, no apartar, a cada um de vós, das vossas maldades.
Capítulo 4
1
E, estando eles falando ao povo, sobrevieram os sacerdotes, e o capitão do templo, e os saduceus,
2
Doendo-se muito de que ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos.
3
E lançaram mão deles, e os encerraram na prisão até ao dia seguinte, pois já era tarde.
4
Muitos, porém, dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses homens a quase cinco mil.
5
E aconteceu, no dia seguinte, reunirem-se em Jerusalém os seus principais, os anciãos, os escribas,
6
E Anás, o sumo sacerdote, e Caifás, e João, e Alexandre, e todos quantos havia da linhagem do sumo sacerdote.
7
E, pondo-os no meio, perguntaram: Com que poder ou em nome de quem fizestes isto?
8
Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Principais do povo, e vós, anciãos de Israel,
9
Visto que hoje somos interrogados acerca do benefício feito a um homem enfermo, e do modo como foi curado,
10
Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós.
11
Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.
12
E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.
13
Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus.
14
E, vendo estar com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário.
15
Todavia, mandando-os sair fora do conselho, conferenciaram entre si,
16
Dizendo: Que havemos de fazer a estes homens? porque a todos os que habitam em Jerusalém é manifesto que por eles foi feito um sinal notório, e não o podemos negar
17
Mas, para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemo-los para que não falem mais nesse nome a homem algum.
18
E, chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus.
19
Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus
20
Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.
21
Mas eles ainda os ameaçaram mais e, não achando motivo para os castigar, deixaram-nos ir, por causa do povo
22
Pois tinha mais de quarenta anos o homem em quem se operara aquele milagre de saúde.
23
E, soltos eles, foram para os seus, e contaram tudo o que lhes disseram os principais dos sacerdotes e os anciãos.
24
E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há
25
Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs?
26
Levantaram-se os reis da terra, E os príncipes se ajuntaram à uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido.
27
Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel
28
Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer.
29
Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra
30
Enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Filho Jesus.
31
E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos
32
E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.
33
E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.
34
Não havia, pois, entre eles necessitado algum
35
E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.
36
Então José, cognominado pelos apóstolos, Barnabé (que, traduzido, é Filho da consolação), levita, natural de Chipre,
37
Possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos.
Capítulo 5
1
Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade,
2
E reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher
3
Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade?
4
Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
5
E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram.
6
E, levantando-se os moços, cobriram o morto e, transportando-o para fora, o sepultaram.
7
E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido.
8
E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto.
9
Então Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti.
10
E logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os moços, acharam-na morta, e a sepultaram junto de seu marido.
11
E houve um grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas.
12
E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos unanimemente no alpendre de Salomão.
13
Dos outros, porém, ninguém ousava ajuntar-se a eles
14
E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais.
15
De sorte que transportavam os enfermos para as ruas, e os punham em leitos e em camilhas para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles.
16
E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos
17
E, levantando-se o sumo sacerdote, e todos os que estavam com ele (e eram eles da seita dos saduceus), encheram-se de inveja,
18
E lançaram mão dos apóstolos, e os puseram na prisão pública.
19
Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão e, tirando-os para fora, disse:
20
Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras desta vida.
21
E, ouvindo eles isto, entraram de manhã cedo no templo, e ensinavam. Chegando, porém, o sumo sacerdote e os que estavam com ele, convocaram o conselho, e a todos os anciãos dos filhos de Israel, e enviaram ao cárcere, para que de lá os trouxessem.
22
Mas, tendo lá ido os servidores, não os acharam na prisão e, voltando, lho anunciaram,
23
Dizendo: Achamos realmente o cárcere fechado, com toda a segurança, e os guardas, que estavam fora, diante das portas
24
Então o sumo sacerdote, o capitão do templo e os chefes dos sacerdotes, ouvindo estas palavras, estavam perplexos acerca deles e do que viria a ser aquilo.
25
E, chegando um, anunciou-lhes, dizendo: Eis que os homens que encerrastes na prisão estão no templo e ensinam ao povo.
26
Então foi o capitão com os servidores, e os trouxe, não com violência (porque temiam ser apedrejados pelo povo).
27
E, trazendo-os, os apresentaram ao conselho. E o sumo sacerdote os interrogou,
28
Dizendo: Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina, e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
29
Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.
30
O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro.
31
Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.
32
E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.
33
E, ouvindo eles isto, se enfureciam, e deliberaram matá-los.
34
Mas, levantando-se no conselho um certo fariseu, chamado Gamaliel, doutor da lei, venerado por todo o povo, mandou que por um pouco levassem para fora os apóstolos
35
E disse-lhes: Homens israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens,
36
Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém
37
Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si
38
E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará,
39
Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la
40
E concordaram com ele. E, chamando os apóstolos, e tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no nome de Jesus, e os deixaram ir.
41
Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus.
42
E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo.
Capítulo 6
1
Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano.
2
E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
3
Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.
4
Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.
5
E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia
6
E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.
7
E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.
8
E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
9
E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos libertinos, e dos cireneus e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão.
10
E não podiam resistir à sabedoria, e ao Espírito com que falava.
11
Então subornaram uns homens, para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.
12
E excitaram o povo, os anciãos e os escribas
13
E apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei
14
Porque nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu.
15
Então todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.
Capítulo 7
1
E disse o sumo sacerdote: Porventura é isto assim?
2
E ele disse: Homens, irmãos, e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando na mesopotâmia, antes de habitar em Harã,
3
E disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar.
4
Então saiu da terra dos caldeus, e habitou em Harã. E dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que habitais agora.
5
E não lhe deu nela herança, nem ainda o espaço de um pé
6
E falou Deus assim: Que a sua descendência seria peregrina em terra alheia, e a sujeitariam à escravidão, e a maltratariam por quatrocentos anos.
7
E eu julgarei a nação que os tiver escravizado, disse Deus. E depois disto sairão e me servirão neste lugar.
8
E deu-lhe a aliança da circuncisão
9
E os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o Egito
10
E livrou-o de todas as suas tribulações, e lhe deu graça e sabedoria ante Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa.
11
Sobreveio então a todo o país do Egito e de Canaã fome e grande tribulação
12
Mas tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo, enviou ali nossos pais, a primeira vez.
13
E na segunda vez foi José conhecido por seus irmãos, e a sua linhagem foi manifesta a Faraó.
14
E José mandou chamar a seu pai Jacó, e a toda a sua parentela, que era de setenta e cinco almas.
15
E Jacó desceu ao Egito, e morreu, ele e nossos pais
16
E foram transportados para Siquém, e depositados na sepultura que Abraão comprara por certa soma de dinheiro aos filhos de Emor, pai de Siquém.
17
Aproximando-se, porém, o tempo da promessa que Deus tinha feito a Abraão, o povo cresceu e se multiplicou no Egito
18
Até que se levantou outro rei, que não conhecia a José.
19
Esse, usando de astúcia contra a nossa linhagem, maltratou nossos pais, a ponto de os fazer enjeitar as suas crianças, para que não se multiplicassem.
20
Nesse tempo nasceu Moisés, e era mui formoso, e foi criado três meses em casa de seu pai.
21
E, sendo enjeitado, tomou-o a filha de Faraó, e o criou como seu filho.
22
E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios
23
E, quando completou a idade de quarenta anos, veio-lhe ao coração ir visitar seus irmãos, os filhos de Israel.
24
E, vendo maltratado um deles, o defendeu, e vingou o ofendido, matando o egípcio.
25
E ele cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela sua mão
26
E no dia seguinte, pelejando eles, foi por eles visto, e quis levá-los à paz, dizendo: Homens, sois irmãos
27
E o que ofendia o seu próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz sobre nós?
28
Queres tu matar-me, como ontem mataste o egípcio?
29
E a esta palavra fugiu Moisés, e esteve como estrangeiro na terra de Midiã, onde gerou dois filhos.
30
E, completados quarenta anos, apareceu-lhe o anjo do Senhor no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça.
31
Então Moisés, quando viu isto, se maravilhou da visão
32
Dizendo: Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés, todo trêmulo, não ousava olhar.
33
E disse-lhe o Senhor: Tira as alparcas dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa.
34
Tenho visto atentamente a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi os seus gemidos, e desci a livrá-los. Agora, pois, vem, e enviar-te-ei ao Egito.
35
A este Moisés, ao qual haviam negado, dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz? a este enviou Deus como príncipe e libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera na sarça.
36
Foi este que os conduziu para fora, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, e no Mar Vermelho, e no deserto, por quarenta anos.
37
Este é aquele Moisés que disse aos filhos de Israel: O Senhor vosso Deus vos levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu
38
Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar.
39
Ao qual nossos pais não quiseram obedecer, antes o rejeitaram e em seu coração se tornaram ao Egito,
40
Dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós
41
E naqueles dias fizeram o bezerro, e ofereceram sacrifícios ao ídolo, e se alegraram nas obras das suas mãos.
42
Mas Deus se afastou, e os abandonou a que servissem ao exército do céu, como está escrito no livro dos profetas: Porventura me oferecestes vítimas e sacrifícios No deserto por quarenta anos, ó casa de Israel?
43
Antes tomastes o tabernáculo de Moloque, E a estrela do vosso deus Renfã, Figuras que vós fizestes para as adorar. Transportar-vos-ei, pois, para além da Babilônia.
44
Estava entre nossos pais no deserto o tabernáculo do testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto.
45
O qual, nossos pais, recebendo-o também, o levaram com Josué quando entraram na posse das nações que Deus lançou para fora da presença de nossos pais, até aos dias de Davi,
46
Que achou graça diante de Deus, e pediu que pudesse achar tabernáculo para o Deus de Jacó.
47
E Salomão lhe edificou casa
48
Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta:
49
O céu é o meu trono, E a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? diz o Senhor, Ou qual é o lugar do meu repouso?
50
Porventura não fez a minha mão todas estas coisas?
51
Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo
52
A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas
53
Vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes.
54
E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele.
55
Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus
56
E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus.
57
Mas eles gritaram com grande voz, taparam os seus ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele.
58
E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas capas aos pés de um jovem chamado Saulo.
59
E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.
60
E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.
Capítulo 8
1
E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém
2
E uns homens piedosos foram enterrar Estêvão, e fizeram sobre ele grande pranto.
3
E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas
4
Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra.
5
E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo.
6
E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia
7
Pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz
8
E havia grande alegria naquela cidade.
9
E estava ali um certo homem, chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria, dizendo que era uma grande personagem
10
Ao qual todos atendiam, desde o menor até ao maior, dizendo: Este é a grande virtude de Deus.
11
E atendiam-no, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas.
12
Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres.
13
E creu até o próprio Simão
14
Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João.
15
Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo
16
(Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido
17
Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.
18
E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro,
19
Dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo.
20
Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.
21
Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus.
22
Arrepende-te, pois, dessa tua iniqüidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração
23
Pois vejo que estás em fel de amargura, e em laço de iniqüidade.
24
Respondendo, porém, Simão, disse: Orai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes venha sobre mim.
25
Tendo eles, pois, testificado e falado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém e em muitas aldeias dos samaritanos anunciaram o evangelho.
26
E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta.
27
E levantou-se, e foi
28
Regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.
29
E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro.
30
E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês?
31
E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.
32
E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro
33
Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento
34
E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro?
35
Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus.
36
E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o eunuco: Eis aqui água
37
E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.
38
E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou.
39
E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco
40
E Filipe se achou em Azoto e, indo passando, anunciava o evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesaréia.
Capítulo 9
1
E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote.
2
E pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém.
3
E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
4
E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
5
E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
6
E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer.
7
E os homens, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém.
8
E Saulo levantou-se da terra, e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E, guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco.
9
E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu.
10
E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias
11
E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo
12
E numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver.
13
E respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi acerca deste homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém
14
E aqui tem poder dos principais dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome.
15
Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel.
16
E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome.
17
E Ananias foi, e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo.
18
E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista
19
E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco.
20
E logo nas sinagogas pregava a Cristo, que este é o Filho de Deus.
21
E todos os que o ouviam estavam atônitos, e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes?
22
Saulo, porém, se esforçava muito mais, e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o Cristo.
23
E, tendo passado muitos dias, os judeus tomaram conselho entre si para o matar.
24
Mas as suas ciladas vieram ao conhecimento de Saulo
25
Tomando-o de noite os discípulos o desceram, dentro de um cesto, pelo muro.
26
E, quando Saulo chegou a Jerusalém, procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo.
27
Então Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus.
28
E andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo,
29
E falava ousadamente no nome do Senhor Jesus. Falava e disputava também contra os gregos, mas eles procuravam matá-lo.
30
Sabendo-o, porém, os irmãos, o acompanharam até Cesaréia, e o enviaram a Tarso.
31
Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz, e eram edificadas
32
E aconteceu que, passando Pedro por toda a parte, veio também aos santos que habitavam em Lida.
33
E achou ali certo homem, chamado Enéias, jazendo numa cama havia oito anos, o qual era paralítico.
34
E disse-lhe Pedro: Enéias, Jesus Cristo te dá saúde
35
E viram-no todos os que habitavam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor.
36
E havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que traduzido se diz Dorcas. Esta estava cheia de boas obras e esmolas que fazia.
37
E aconteceu naqueles dias que, enfermando ela, morreu
38
E, como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, lhe mandaram dois homens, rogando-lhe que não se demorasse em vir ter com eles.
39
E, levantando-se Pedro, foi com eles
40
Mas Pedro, fazendo sair a todos, pôs-se de joelhos e orou: e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. E ela abriu os olhos, e, vendo a Pedro, assentou-se.
41
E ele, dando-lhe a mão, a levantou e, chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva.
42
E foi isto notório por toda a Jope, e muitos creram no Senhor.
43
E ficou muitos dias em Jope, com um certo Simão curtidor.
Capítulo 10
1
E havia em Cesaréia um homem por nome Cornélio, centurião da coorte chamada italiana,
2
Piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus.
3
Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio.
4
O qual, fixando os olhos nele, e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus
5
Agora, pois, envia homens a Jope, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro.
6
Este está com um certo Simão curtidor, que tem a sua casa junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer.
7
E, retirando-se o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus criados, e a um piedoso soldado dos que estavam ao seu serviço.
8
E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Jope.
9
E no dia seguinte, indo eles seu caminho, e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta.
10
E tendo fome, quis comer
11
E viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra.
12
No qual havia de todos os animais quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu.
13
E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come.
14
Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda.
15
E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou.
16
E aconteceu isto por três vezes
17
E estando Pedro duvidando entre si acerca do que seria aquela visão que tinha visto, eis que os homens que foram enviados por Cornélio pararam à porta, perguntando pela casa de Simão.
18
E, chamando, perguntaram se Simão, que tinha por sobrenome Pedro, morava ali.
19
E, pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito: Eis que três homens te buscam.
20
Levanta-te pois, desce, e vai com eles, não duvidando
21
E, descendo Pedro para junto dos homens que lhe foram enviados por Cornélio, disse: Sou eu a quem procurais
22
E eles disseram: Cornélio, o centurião, homem justo e temente a Deus, e que tem bom testemunho de toda a nação dos judeus, foi avisado por um santo anjo para que te chamasse a sua casa, e ouvisse as tuas palavras.
23
Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa. E no dia seguinte foi Pedro com eles, e foram com ele alguns irmãos de Jope.
24
E no dia imediato chegaram a Cesaréia. E Cornélio os estava esperando, tendo já convidado os seus parentes e amigos mais íntimos.
25
E aconteceu que, entrando Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo, e, prostrando-se a seus pés o adorou.
26
Mas Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem.
27
E, falando com ele, entrou, e achou muitos que ali se haviam ajuntado.
28
E disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um homem judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros
29
Por isso, sendo chamado, vim sem contradizer. Pergunto, pois, por que razão mandastes chamar-me?
30
E disse Cornélio: Há quatro dias estava eu em jejum até esta hora, orando em minha casa à hora nona.
31
E eis que diante de mim se apresentou um homem com vestes resplandecentes, e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas estão em memória diante de Deus.
32
Envia, pois, a Jope, e manda chamar Simão, o que tem por sobrenome Pedro
33
E logo mandei chamar-te, e bem fizeste em vir. Agora, pois, estamos todos presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto por Deus te é mandado.
34
E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas
35
Mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo.
36
A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo (este é o Senhor de todos)
37
Esta palavra, vós bem sabeis, veio por toda a Judéia, começando pela Galiléia, depois do batismo que João pregou
38
Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude
39
E nós somos testemunhas de todas as coisas que fez, tanto na terra da Judéia como em Jerusalém
40
A este ressuscitou Deus ao terceiro dia, e fez que se manifestasse,
41
Não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus antes ordenara
42
E nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos.
43
A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome.
44
E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
45
E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios.
46
Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus.
47
Respondeu, então, Pedro: Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo?
48
E mandou que fossem batizados em nome do Senhor. Então rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias.
Capítulo 11
1
E ouviram os apóstolos, e os irmãos que estavam na Judéia, que também os gentios tinham recebido a palavra de Deus.
2
E, subindo Pedro a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão,
3
Dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos, e comeste com eles.
4
Mas Pedro começou a fazer-lhes uma exposição por ordem, dizendo:
5
Estando eu orando na cidade de Jope, tive, num arrebatamento dos sentidos, uma visão
6
E, pondo nele os olhos, considerei, e vi animais da terra, quadrúpedes, e feras, e répteis e aves do céu.
7
E ouvi uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro
8
Mas eu disse: De maneira nenhuma, Senhor
9
Mas a voz respondeu-me do céu segunda vez: Não chames tu comum ao que Deus purificou.
10
E sucedeu isto por três vezes
11
E eis que, na mesma hora, pararam, junto da casa em que eu estava, três homens que me foram enviados de Cesaréia.
12
E disse-me o Espírito que fosse com eles, nada duvidando
13
E contou-nos como vira em pé um anjo em sua casa, e lhe dissera: Envia homens a Jope, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro,
14
O qual te dirá palavras com que te salves, tu e toda a tua casa.
15
E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio.
16
E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou com água
17
Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus?
18
E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida.
19
E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.
20
E havia entre eles alguns homens cíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.
21
E a mão do Senhor era com eles
22
E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém
23
O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração
24
Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.
25
E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo
26
E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente
27
E naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia.
28
E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César.
29
E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia.
30
O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo.
Capítulo 12
1
E por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar
2
E matou à espada Tiago, irmão de João.
3
E, vendo que isso agradara aos judeus, continuou, mandando prender também a Pedro. E eram os dias dos ázimos.
4
E, havendo-o prendido, o encerrou na prisão, entregando-o a quatro quaternos de soldados, para que o guardassem, querendo apresentá-lo ao povo depois da páscoa.
5
Pedro, pois, era guardado na prisão
6
E quando Herodes estava para o fazer comparecer, nessa mesma noite estava Pedro dormindo entre dois soldados, ligado com duas cadeias, e os guardas diante da porta guardavam a prisão.
7
E eis que sobreveio o anjo do Senhor, e resplandeceu uma luz na prisão
8
E disse-lhe o anjo: Cinge-te, e ata as tuas alparcas. E ele assim o fez. Disse-lhe mais: Lança às costas a tua capa, e segue-me.
9
E, saindo, o seguia. E não sabia que era real o que estava sendo feito pelo anjo, mas cuidava que via alguma visão.
10
E, quando passaram a primeira e segunda guardas, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si mesma
11
E Pedro, tornando a si, disse: Agora sei verdadeiramente que o Senhor enviou o seu anjo, e me livrou da mão de Herodes, e de tudo o que o povo dos judeus esperava.
12
E, considerando ele nisto, foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam.
13
E, batendo Pedro à porta do pátio, uma menina chamada Rode saiu a escutar
14
E, conhecendo a voz de Pedro, de gozo não abriu a porta, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava à porta.
15
E disseram-lhe: Estás fora de ti. Mas ela afirmava que assim era. E diziam: É o seu anjo.
16
Mas Pedro perseverava em bater e, quando abriram, viram-no, e se espantaram.
17
E acenando-lhes ele com a mão para que se calassem, contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão, e disse: Anunciai isto a Tiago e aos irmãos. E, saindo, partiu para outro lugar.
18
E, sendo já dia, houve não pouco alvoroço entre os soldados sobre o que seria feito de Pedro.
19
E, quando Herodes o procurou e o não achou, feita inquirição aos guardas, mandou-os justiçar. E, partindo da Judéia para Cesaréia, ficou ali.
20
E ele estava irritado com os de Tiro e de Sidom
21
E num dia designado, vestindo Herodes as vestes reais, estava assentado no tribunal e lhes fez uma prática.
22
E o povo exclamava: Voz de Deus, e não de homem.
23
E no mesmo instante feriu-o o anjo do Senhor, porque não deu glória a Deus e, comido de bichos, expirou.
24
E a palavra de Deus crescia e se multiplicava.
25
E Barnabé e Saulo, havendo terminado aquele serviço, voltaram de Jerusalém, levando também consigo a João, que tinha por sobrenome Marcos.
Capítulo 13
1
E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo.
2
E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.
3
Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
4
E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.
5
E, chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus
6
E, havendo atravessado a ilha até Pafos, acharam um certo judeu mágico, falso profeta, chamado Barjesus,
7
O qual estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem prudente. Este, chamando a si Barnabé e Saulo, procurava muito ouvir a palavra de Deus.
8
Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque assim se interpreta o seu nome), procurando apartar da fé o procônsul.