Atos dos Apóstolos

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[...]   Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra.   [...]

Atos dos Apóstolos: capítulo 8, verso 4

Capítulo 21, verso 18 - Capítulo 27, verso 24

18 E no dia seguinte, Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali.
19 E, havendo-os saudado, contou-lhes por miúdo o que por seu ministério Deus fizera entre os gentios.
20 E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da lei.
21 E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei.
22 Que faremos pois? em todo o caso é necessário que a multidão se ajunte
23 Faze, pois, isto que te dizemos: Temos quatro homens que fizeram voto.
24 Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas guardando a lei.
25 Todavia, quanto aos que crêem dos gentios, já nós havemos escrito, e achado por bem, que nada disto observem
26 Então Paulo, tomando consigo aqueles homens, entrou no dia seguinte no templo, já santificado com eles, anunciando serem já cumpridos os dias da purificação
27 E quando os sete dias estavam quase a terminar, os judeus da Ásia, vendo-o no templo, alvoroçaram todo o povo e lançaram mão dele,
28 Clamando: Homens israelitas, acudi
29 Porque tinham visto com ele na cidade a Trófimo de Éfeso, o qual pensavam que Paulo introduzira no templo.
30 E alvoroçou-se toda a cidade, e houve grande concurso de povo
31 E, procurando eles matá-lo, chegou ao tribuno da coorte o aviso de que Jerusalém estava toda em confusão
32 O qual, tomando logo consigo soldados e centuriões, correu para eles. E, quando viram o tribuno e os soldados, cessaram de ferir a Paulo.
33 Então, aproximando-se o tribuno, o prendeu e o mandou atar com duas cadeias, e lhe perguntou quem era e o que tinha feito.
34 E na multidão uns clamavam de uma maneira, outros de outra
35 E sucedeu que, chegando às escadas, os soldados tiveram de lhe pegar por causa da violência da multidão.
36 Porque a multidão do povo o seguia, clamando: Mata-o!
37 E, quando iam a introduzir Paulo na fortaleza, disse Paulo ao tribuno: É-me permitido dizer-te alguma coisa? E ele disse: Sabes o grego?
38 Não és tu porventura aquele egípcio que antes destes dias fez uma sedição e levou ao deserto quatro mil salteadores?
39 Mas Paulo lhe disse: Na verdade que sou um homem judeu, cidadão de Tarso, cidade não pouco célebre na Cilícia
40 E, havendo-lho permitido, Paulo, pondo-se em pé nas escadas, fez sinal com a mão ao povo
Capítulo 22
1 Homens, irmãos e pais, ouvi agora a minha defesa perante vós
2 (E, quando ouviram falar-lhes em língua hebraica, maior silêncio guardaram). E disse:
3 Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zeloso de Deus, como todos vós hoje sois.
4 E persegui este caminho até à morte, prendendo, e pondo em prisões, tanto homens como mulheres,
5 Como também o sumo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho dos anciãos. E, recebendo destes cartas para os irmãos, fui a Damasco, para trazer maniatados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que fossem castigados.
6 Ora, aconteceu que, indo eu já de caminho, e chegando perto de Damasco, quase ao meio-dia, de repente me rodeou uma grande luz do céu.
7 E caí por terra, e ouvi uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
8 E eu respondi: Quem és, Senhor? E disse-me: Eu sou Jesus Nazareno, a quem tu persegues.
9 E os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram muito, mas não ouviram a voz daquele que falava comigo.
10 Então disse eu: Senhor, que farei? E o Senhor disse-me: Levanta-te, e vai a Damasco, e ali se te dirá tudo o que te é ordenado fazer.
11 E, como eu não via, por causa do esplendor daquela luz, fui levado pela mão dos que estavam comigo, e cheguei a Damasco.
12 E um certo Ananias, homem piedoso conforme a lei, que tinha bom testemunho de todos os judeus que ali moravam,
13 Vindo ter comigo, e apresentando-se, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. E naquela mesma hora o vi.
14 E ele disse: O Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças a sua vontade, e vejas aquele Justo e ouças a voz da sua boca.
15 Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido.
16 E agora por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor.
17 E aconteceu que, tornando eu para Jerusalém, quando orava no templo, fui arrebatado para fora de mim.
18 E vi aquele que me dizia: Dá-te pressa e sai apressadamente de Jerusalém
19 E eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu lançava na prisão e açoitava nas sinagogas os que criam em ti.
20 E quando o sangue de Estêvão, tua testemunha, se derramava, também eu estava presente, e consentia na sua morte, e guardava as capas dos que o matavam.
21 E disse-me: Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe.
22 E ouviram-no até esta palavra, e levantaram a voz, dizendo: Tira da terra um tal homem, porque não convém que viva.
23 E, clamando eles, e arrojando de si as vestes, e lançando pó para o ar,
24 O tribuno mandou que o levassem para a fortaleza, dizendo que o examinassem com açoites, para saber por que causa assim clamavam contra ele.
25 E, quando o estavam atando com correias, disse Paulo ao centurião que ali estava: É-vos lícito açoitar um romano, sem ser condenado?
26 E, ouvindo isto, o centurião foi, e anunciou ao tribuno, dizendo: Vê o que vais fazer, porque este homem é romano.
27 E, vindo o tribuno, disse-lhe: Dize-me, és tu romano? E ele disse: Sim.
28 E respondeu o tribuno: Eu com grande soma de dinheiro alcancei este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu o sou de nascimento.
29 E logo dele se apartaram os que o haviam de examinar
30 E no dia seguinte, querendo saber ao certo a causa por que era acusado pelos judeus, soltou-o das prisões, e mandou vir os principais dos sacerdotes, e todo o seu conselho
Capítulo 23
1 E, pondo Paulo os olhos no conselho, disse: Homens irmãos, até ao dia de hoje tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência.
2 Mas o sumo sacerdote, Ananias, mandou aos que estavam junto dele que o ferissem na boca.
3 Então Paulo lhe disse: Deus te ferirá, parede branqueada
4 E os que ali estavam disseram: Injurias o sumo sacerdote de Deus?
5 E Paulo disse: Não sabia, irmãos, que era o sumo sacerdote
6 E Paulo, sabendo que uma parte era de saduceus e outra de fariseus, clamou no conselho: Homens irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseu
7 E, havendo dito isto, houve dissensão entre os fariseus e saduceus
8 Porque os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito
9 E originou-se um grande clamor
10 E, havendo grande dissensão, o tribuno, temendo que Paulo fosse despedaçado por eles, mandou descer a soldadesca, para que o tirassem do meio deles, e o levassem para a fortaleza.
11 E na noite seguinte, apresentando-se-lhe o Senhor, disse: Paulo, tem ânimo
12 E, quando já era dia, alguns dos judeus fizeram uma conspiração, e juraram, dizendo que não comeriam nem beberiam enquanto não matassem a Paulo.
13 E eram mais de quarenta os que fizeram esta conjuração.
14 E estes foram ter com os principais dos sacerdotes e anciãos, e disseram: Conjuramo-nos, sob pena de maldição, a nada provarmos até que matemos a Paulo.
15 Agora, pois, vós, com o conselho, rogai ao tribuno que vo-lo traga amanhã, como que querendo saber mais alguma coisa de seus negócios, e, antes que chegue, estaremos prontos para o matar.
16 E o filho da irmã de Paulo, tendo ouvido acerca desta cilada, foi, e entrou na fortaleza, e o anunciou a Paulo.
17 E Paulo, chamando a si um dos centuriões, disse: Leva este jovem ao tribuno, porque tem alguma coisa que lhe comunicar.
18 Tomando-o ele, pois, o levou ao tribuno, e disse: O preso Paulo, chamando-me a si, rogou-me que trouxesse este jovem, que tem alguma coisa para dizer-te.
19 E o tribuno, tomando-o pela mão, e pondo-se à parte, perguntou-lhe em particular: Que tens que me contar?
20 E disse ele: Os judeus se concertaram rogar-te que amanhã leves Paulo ao conselho, como que tendo de inquirir dele mais alguma coisa ao certo.
21 Mas tu não os creias
22 Então o tribuno despediu o jovem, mandando-lhe que a ninguém dissesse que lhe havia contado aquilo.
23 E, chamando dois centuriões, lhes disse: Aprontai para as três horas da noite duzentos soldados, e setenta de cavalaria, e duzentos arqueiros para irem até Cesaréia
24 E aparelhai cavalgaduras, para que, pondo nelas a Paulo, o levem salvo ao presidente Félix.
25 E escreveu uma carta, que continha isto:
26 Cláudio Lísias, a Félix, potentíssimo presidente, saúde.
27 Esse homem foi preso pelos judeus
28 E, querendo saber a causa por que o acusavam, o levei ao seu conselho.
29 E achei que o acusavam de algumas questões da sua lei
30 E, sendo-me notificado que os judeus haviam de armar ciladas a esse homem, logo to enviei, mandando também aos acusadores que perante ti digam o que tiverem contra ele. Passa bem.
31 Tomando, pois, os soldados a Paulo, como lhe fora mandado, o trouxeram de noite a Antipátride.
32 E no dia seguinte, deixando aos de cavalo irem com ele, tornaram à fortaleza.
33 Os quais, logo que chegaram a Cesaréia, e entregaram a carta ao presidente, lhe apresentaram Paulo.
34 E o presidente, lida a carta, perguntou de que província era
35 Disse: Ouvir-te-ei, quando também aqui vierem os teus acusadores. E mandou que o guardassem no pretório de Herodes.
Capítulo 24
1 E, cinco dias depois, o sumo sacerdote Ananias desceu com os anciãos, e um certo Tértulo, orador, os quais compareceram perante o presidente contra Paulo.
2 E, sendo chamado, Tértulo começou a acusá-lo, dizendo: Visto como por ti temos tanta paz e por tua prudência se fazem a este povo muitos e louváveis serviços,
3 Sempre e em todo o lugar, ó potentíssimo Félix, com todo o agradecimento o queremos reconhecer.
4 Mas, para que não te detenha muito, rogo-te que, conforme a tua eqüidade, nos ouças por pouco tempo.
5 Temos achado que este homem é uma peste, e promotor de sedições entre todos os judeus, por todo o mundo
6 O qual intentou também profanar o templo
7 Mas, sobrevindo o tribuno Lísias, no-lo tirou de entre as mãos com grande violência,
8 Mandando aos seus acusadores que viessem a ti
9 E também os judeus o acusavam, dizendo serem estas coisas assim.
10 Paulo, porém, fazendo-lhe o presidente sinal que falasse, respondeu: Porque sei que já vai para muitos anos que desta nação és juiz, com tanto melhor ânimo respondo por mim.
11 Pois bem podes saber que não há mais de doze dias que subi a Jerusalém a adorar
12 E não me acharam no templo falando com alguém, nem amotinando o povo nas sinagogas, nem na cidade.
13 Nem tampouco podem provar as coisas de que agora me acusam.
14 Mas confesso-te isto que, conforme aquele caminho que chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas.
15 Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos.
16 E por isso procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens.
17 Ora, muitos anos depois, vim trazer à minha nação esmolas e ofertas.
18 Nisto me acharam já santificado no templo, não em ajuntamentos, nem com alvoroços, uns certos judeus da Ásia,
19 Os quais convinha que estivessem presentes perante ti, e me acusassem, se alguma coisa contra mim tivessem.
20 Ou digam estes mesmos, se acharam em mim alguma iniqüidade, quando compareci perante o conselho,
21 A não ser estas palavras que, estando entre eles, clamei: Hoje sou julgado por vós acerca da ressurreição dos mortos.
22 Então Félix, havendo ouvido estas coisas, lhes pôs dilação, dizendo: Havendo-me informado melhor deste Caminho, quando o tribuno Lísias tiver descido, então tomarei inteiro conhecimento dos vossos negócios.
23 E mandou ao centurião que o guardasse em prisão, tratando-o com brandura, e que a ninguém dos seus proibisse servi-lo ou vir ter com ele.
24 E alguns dias depois, vindo Félix com sua mulher Drusila, que era judia, mandou chamar a Paulo, e ouviu-o acerca da fé em Cristo.
25 E, tratando ele da justiça, e da temperança, e do juízo vindouro, Félix, espavorido, respondeu: Por agora vai-te, e em tendo oportunidade te chamarei.
26 Esperando ao mesmo tempo que Paulo lhe desse dinheiro, para que o soltasse
27 Mas, passados dois anos, Félix teve por sucessor a Pôrcio Festo
Capítulo 25
1 Entrando, pois, Festo na província, subiu dali a três dias de Cesaréia a Jerusalém.
2 E o sumo sacerdote e os principais dos judeus compareceram perante ele contra Paulo, e lhe rogaram,
3 Pedindo como favor contra ele que o fizesse vir a Jerusalém, armando ciladas para o matarem no caminho.
4 Mas Festo respondeu que Paulo estava guardado em Cesaréia, e que ele brevemente partiria para lá.
5 Os que, pois, disse, dentre vós, têm poder, desçam comigo e, se neste homem houver algum crime, acusem-no.
6 E, havendo-se demorado entre eles mais de dez dias, desceu a Cesaréia
7 E, chegando ele, rodearam-no os judeus que haviam descido de Jerusalém, trazendo contra Paulo muitas e graves acusações, que não podiam provar.
8 Mas ele, em sua defesa, disse: Eu não pequei em coisa alguma contra a lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César.
9 Todavia Festo, querendo comprazer aos judeus, respondendo a Paulo, disse: Queres tu subir a Jerusalém, e ser lá perante mim julgado acerca destas coisas?
10 Mas Paulo disse: Estou perante o tribunal de César, onde convém que seja julgado
11 Se fiz algum agravo, ou cometi alguma coisa digna de morte, não recuso morrer
12 Então Festo, tendo falado com o conselho, respondeu: Apelaste para César? para César irás.
13 E, passados alguns dias, o rei Agripa e Berenice vieram a Cesaréia, a saudar Festo.
14 E, como ali ficassem muitos dias, Festo contou ao rei os negócios de Paulo, dizendo: Um certo homem foi deixado por Félix aqui preso,
15 Por cujo respeito os principais dos sacerdotes e os anciãos dos judeus, estando eu em Jerusalém, compareceram perante mim, pedindo sentença contra ele.
16 Aos quais respondi não ser costume dos romanos entregar algum homem à morte, sem que o acusado tenha presentes os seus acusadores, e possa defender-se da acusação.
17 De sorte que, chegando eles aqui juntos, no dia seguinte, sem fazer dilação alguma, assentado no tribunal, mandei que trouxessem o homem.
18 Acerca do qual, estando presentes os acusadores, nenhuma coisa apontaram daquelas que eu suspeitava.
19 Tinham, porém, contra ele algumas questões acerca da sua superstição, e de um tal Jesus, morto, que Paulo afirmava viver.
20 E, estando eu perplexo acerca da inquirição desta causa, disse se queria ir a Jerusalém, e lá ser julgado acerca destas coisas.
21 E, apelando Paulo para que fosse reservado ao conhecimento de Augusto, mandei que o guardassem até que o envie a César.
22 Então Agripa disse a Festo: Bem quisera eu também ouvir esse homem. E ele disse: Amanhã o ouvirás.
23 E, no dia seguinte, vindo Agripa e Berenice, com muito aparato, entraram no auditório com os tribunos e homens principais da cidade, sendo trazido Paulo por mandado de Festo.
24 E Festo disse: Rei Agripa, e todos os senhores que estais presentes conosco
25 Mas, achando eu que nenhuma coisa digna de morte fizera, e apelando ele mesmo também para Augusto, tenho determinado enviar-lho.
26 Do qual não tenho coisa alguma certa que escreva ao meu senhor, e por isso perante vós o trouxe, principalmente perante ti, ó rei Agripa, para que, depois de interrogado, tenha alguma coisa que escrever.
27 Porque me parece contra a razão enviar um preso, e não notificar contra ele as acusações.
Capítulo 26
1 Depois Agripa disse a Paulo: E permitido que te defendas. Então Paulo, estendendo a mão em sua defesa, respondeu:
2 Tenho-me por feliz, ó rei Agripa, de que perante ti me haja hoje de defender de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus
3 Mormente sabendo eu que tens conhecimento de todos os costumes e questões que há entre os judeus
4 Quanto à minha vida, desde a mocidade, como decorreu desde o princípio entre os da minha nação, em Jerusalém, todos os judeus a conhecem,
5 Sabendo de mim desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu.
6 E agora pela esperança da promessa que por Deus foi feita a nossos pais estou aqui e sou julgado.
7 Å qual as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a Deus continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus.
8 Pois quê? julga-se coisa incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos?
9 Bem tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus Nazareno devia eu praticar muitos atos
10 O que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido autorização dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões
11 E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.
12 Sobre o que, indo então a Damasco, com poder e comissão dos principais dos sacerdotes,
13 Ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol, cuja claridade me envolveu a mim e aos que iam comigo.
14 E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava, e em língua hebraica dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.
15 E disse eu: Quem és, Senhor? E ele respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues
16 Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda
17 Livrando-te deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio,
18 Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus
19 Por isso, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial.
20 Antes anunciei primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da Judéia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus, fazendo obras dignas de arrependimento.
21 Por causa disto os judeus lançaram mão de mim no templo, e procuraram matar-me.
22 Mas, alcançando socorro de Deus, ainda até ao dia de hoje permaneço dando testemunho tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada mais do que o que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer,
23 Isto é, que o Cristo devia padecer, e sendo o primeiro da ressurreição dentre os mortos, devia anunciar a luz a este povo e aos gentios.
24 E, dizendo ele isto em sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo
25 Mas ele disse: Não deliro, ó potentíssimo Festo
26 Porque o rei, diante de quem falo com ousadia, sabe estas coisas, pois não creio que nada disto lhe é oculto
27 Crês tu nos profetas, ó rei Agripa? Bem sei que crês.
28 E disse Agripa a Paulo: Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão!
29 E disse Paulo: Prouvera a Deus que, ou por pouco ou por muito, não somente tu, mas também todos quantos hoje me estão ouvindo, se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias.
30 E, dizendo ele isto, levantou-se o rei, o presidente, e Berenice, e os que com eles estavam assentados.
31 E, apartando-se dali falavam uns com os outros, dizendo: Este homem nada fez digno de morte ou de prisões.
32 E Agripa disse a Festo: Bem podia soltar-se este homem, se não houvera apelado para César.
Capítulo 27
1 E, como se determinou que havíamos de navegar para a Itália, entregaram Paulo, e alguns outros presos, a um centurião por nome Júlio, da coorte augusta.
2 E, embarcando nós em um navio adramitino, partimos navegando pelos lugares da costa da Ásia, estando conosco Aristarco, macedónio, de tessalônica.
3 E chegamos no dia seguinte a Sidom, e Júlio, tratando Paulo humanamente, lhe permitiu ir ver os amigos, para que cuidassem dele.
4 E, partindo dali, fomos navegando abaixo de Chipre, porque os ventos eram contrários.
5 E, tendo atravessado o mar, ao longo da Cilícia e Panfília, chegamos a Mirra, na Lícia.
6 E, achando ali o centurião um navio de Alexandria, que navegava para a Itália, nos fez embarcar nele.
7 E, como por muitos dias navegássemos vagarosamente, havendo chegado apenas defronte de Cnido, não nos permitindo o vento ir mais adiante, navegamos abaixo de Creta, junto de Salmone.
8 E, costeando-a dificilmente, chegamos a um lugar chamado Bons Portos, perto do qual estava a cidade de Laséia.
9 E, passado muito tempo, e sendo já perigosa a navegação, pois, também o jejum já tinha passado, Paulo os admoestava,
10 Dizendo-lhes: Senhores, vejo que a navegação há de ser incômoda, e com muito dano, não só para o navio e carga, mas também para as nossas vidas.
11 Mas o centurião cria mais no piloto e no mestre, do que no que dizia Paulo.
12 E, como aquele porto não era cômodo para invernar, os mais deles foram de parecer que se partisse dali para ver se podiam chegar a Fenice, que é um porto de Creta que olha para o lado do vento da África e do Coro, e invernar ali.
13 E, soprando o sul brandamente, lhes pareceu terem já o que desejavam e, fazendo-se de vela, foram de muito perto costeando Creta.
14 Mas não muito depois deu nela um pé de vento, chamado Euro-aquilão.
15 E, sendo o navio arrebatado, e não podendo navegar contra o vento, dando de mão a tudo, nos deixamos ir à toa.
16 E, correndo abaixo de uma pequena ilha chamada Clauda, apenas pudemos ganhar o batel.
17 E, levado este para cima, usaram de todos os meios, cingindo o navio
18 E, andando nós agitados por uma veemente tempestade, no dia seguinte aliviaram o navio.
19 E ao terceiro dia nós mesmos, com as nossas próprias mãos, lançamos ao mar a armação do navio.
20 E, não aparecendo, havia já muitos dias, nem sol nem estrelas, e caindo sobre nós uma não pequena tempestade, fugiu-nos toda a esperança de nos salvarmos.
21 E, havendo já muito que não se comia, então Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse: Fora, na verdade, razoável, ó senhores, ter-me ouvido a mim e não partir de Creta, e assim evitariam este incômodo e esta perda.
22 Mas agora vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não se perderá a vida de nenhum de vós, mas somente o navio.
23 Porque esta mesma noite o anjo de Deus, de quem eu sou, e a quem sirvo, esteve comigo,
24 Dizendo: Paulo, não temas