Capítulo 2, verso 1 - Capítulo 19, verso 39
1
E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar
2
E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
3
E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
4
E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
5
E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
6
E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
7
E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando?
8
Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?
9
Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,
10
E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
11
Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.
12
E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?
13
E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.
14
Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes: Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras.
15
Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo a terceira hora do dia.
16
Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel:
17
E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne
18
E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão
19
E farei aparecer prodígios em cima, no céu
20
O sol se converterá em trevas, E a lua em sangue, Antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor
21
E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
22
Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis
23
A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos
24
Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela
25
Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, Porque está à minha direita, para que eu não seja comovido
26
Por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou
27
Pois não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção
28
Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida
29
Homens irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura.
30
Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono,
31
Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção.
32
Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas.
33
De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.
34
Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio diz: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
35
Até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés.
36
Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.
37
E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?
38
E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados
39
Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.
40
E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.
41
De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra
42
E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
43
E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.
44
E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum.
45
E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.
46
E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
47
Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.
Capítulo 3
1
E Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona.
2
E era trazido um homem que desde o ventre de sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam.
3
O qual, vendo a Pedro e a João que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola.
4
E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós.
5
E olhou para eles, esperando receber deles alguma coisa.
6
E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro
7
E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram.
8
E, saltando ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no templo, andando, e saltando, e louvando a Deus.
9
E todo o povo o viu andar e louvar a Deus
10
E conheciam-no, pois era ele o que se assentava a pedir esmola à porta Formosa do templo
11
E, apegando-se o coxo, que fora curado, a Pedro e João, todo o povo correu atônito para junto deles, ao alpendre chamado de Salomão.
12
E quando Pedro viu isto, disse ao povo: Homens israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem?
13
O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu filho Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, tendo ele determinado que fosse solto.
14
Mas vós negastes o Santo e o Justo, e pedistes que se vos desse um homem homicida.
15
E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas.
16
E pela fé no seu nome fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis
17
E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes.
18
Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado
19
Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor,
20
E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado.
21
O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio.
22
Porque Moisés disse aos pais: O Senhor vosso Deus levantará de entre vossos irmãos um profeta semelhante a mim
23
E acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povo.
24
Sim, e todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também predisseram estes dias.
25
Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra.
26
Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, no apartar, a cada um de vós, das vossas maldades.
Capítulo 4
1
E, estando eles falando ao povo, sobrevieram os sacerdotes, e o capitão do templo, e os saduceus,
2
Doendo-se muito de que ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos.
3
E lançaram mão deles, e os encerraram na prisão até ao dia seguinte, pois já era tarde.
4
Muitos, porém, dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses homens a quase cinco mil.
5
E aconteceu, no dia seguinte, reunirem-se em Jerusalém os seus principais, os anciãos, os escribas,
6
E Anás, o sumo sacerdote, e Caifás, e João, e Alexandre, e todos quantos havia da linhagem do sumo sacerdote.
7
E, pondo-os no meio, perguntaram: Com que poder ou em nome de quem fizestes isto?
8
Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Principais do povo, e vós, anciãos de Israel,
9
Visto que hoje somos interrogados acerca do benefício feito a um homem enfermo, e do modo como foi curado,
10
Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós.
11
Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.
12
E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.
13
Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus.
14
E, vendo estar com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário.
15
Todavia, mandando-os sair fora do conselho, conferenciaram entre si,
16
Dizendo: Que havemos de fazer a estes homens? porque a todos os que habitam em Jerusalém é manifesto que por eles foi feito um sinal notório, e não o podemos negar
17
Mas, para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemo-los para que não falem mais nesse nome a homem algum.
18
E, chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus.
19
Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus
20
Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.
21
Mas eles ainda os ameaçaram mais e, não achando motivo para os castigar, deixaram-nos ir, por causa do povo
22
Pois tinha mais de quarenta anos o homem em quem se operara aquele milagre de saúde.
23
E, soltos eles, foram para os seus, e contaram tudo o que lhes disseram os principais dos sacerdotes e os anciãos.
24
E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há
25
Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs?
26
Levantaram-se os reis da terra, E os príncipes se ajuntaram à uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido.
27
Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel
28
Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer.
29
Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra
30
Enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Filho Jesus.
31
E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos
32
E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.
33
E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.
34
Não havia, pois, entre eles necessitado algum
35
E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.
36
Então José, cognominado pelos apóstolos, Barnabé (que, traduzido, é Filho da consolação), levita, natural de Chipre,
37
Possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos.
Capítulo 5
1
Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade,
2
E reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher
3
Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade?
4
Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
5
E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram.
6
E, levantando-se os moços, cobriram o morto e, transportando-o para fora, o sepultaram.
7
E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido.
8
E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto.
9
Então Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti.
10
E logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os moços, acharam-na morta, e a sepultaram junto de seu marido.
11
E houve um grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas.
12
E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos unanimemente no alpendre de Salomão.
13
Dos outros, porém, ninguém ousava ajuntar-se a eles
14
E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais.
15
De sorte que transportavam os enfermos para as ruas, e os punham em leitos e em camilhas para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles.
16
E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos
17
E, levantando-se o sumo sacerdote, e todos os que estavam com ele (e eram eles da seita dos saduceus), encheram-se de inveja,
18
E lançaram mão dos apóstolos, e os puseram na prisão pública.
19
Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão e, tirando-os para fora, disse:
20
Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras desta vida.
21
E, ouvindo eles isto, entraram de manhã cedo no templo, e ensinavam. Chegando, porém, o sumo sacerdote e os que estavam com ele, convocaram o conselho, e a todos os anciãos dos filhos de Israel, e enviaram ao cárcere, para que de lá os trouxessem.
22
Mas, tendo lá ido os servidores, não os acharam na prisão e, voltando, lho anunciaram,
23
Dizendo: Achamos realmente o cárcere fechado, com toda a segurança, e os guardas, que estavam fora, diante das portas
24
Então o sumo sacerdote, o capitão do templo e os chefes dos sacerdotes, ouvindo estas palavras, estavam perplexos acerca deles e do que viria a ser aquilo.
25
E, chegando um, anunciou-lhes, dizendo: Eis que os homens que encerrastes na prisão estão no templo e ensinam ao povo.
26
Então foi o capitão com os servidores, e os trouxe, não com violência (porque temiam ser apedrejados pelo povo).
27
E, trazendo-os, os apresentaram ao conselho. E o sumo sacerdote os interrogou,
28
Dizendo: Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina, e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
29
Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.
30
O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro.
31
Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.
32
E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.
33
E, ouvindo eles isto, se enfureciam, e deliberaram matá-los.
34
Mas, levantando-se no conselho um certo fariseu, chamado Gamaliel, doutor da lei, venerado por todo o povo, mandou que por um pouco levassem para fora os apóstolos
35
E disse-lhes: Homens israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens,
36
Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém
37
Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si
38
E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará,
39
Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la
40
E concordaram com ele. E, chamando os apóstolos, e tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no nome de Jesus, e os deixaram ir.
41
Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus.
42
E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo.
Capítulo 6
1
Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano.
2
E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
3
Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.
4
Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.
5
E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia
6
E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.
7
E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.
8
E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
9
E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos libertinos, e dos cireneus e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão.
10
E não podiam resistir à sabedoria, e ao Espírito com que falava.
11
Então subornaram uns homens, para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.
12
E excitaram o povo, os anciãos e os escribas
13
E apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei
14
Porque nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu.
15
Então todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.
Capítulo 7
1
E disse o sumo sacerdote: Porventura é isto assim?
2
E ele disse: Homens, irmãos, e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando na mesopotâmia, antes de habitar em Harã,
3
E disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar.
4
Então saiu da terra dos caldeus, e habitou em Harã. E dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que habitais agora.
5
E não lhe deu nela herança, nem ainda o espaço de um pé
6
E falou Deus assim: Que a sua descendência seria peregrina em terra alheia, e a sujeitariam à escravidão, e a maltratariam por quatrocentos anos.
7
E eu julgarei a nação que os tiver escravizado, disse Deus. E depois disto sairão e me servirão neste lugar.
8
E deu-lhe a aliança da circuncisão
9
E os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o Egito
10
E livrou-o de todas as suas tribulações, e lhe deu graça e sabedoria ante Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa.
11
Sobreveio então a todo o país do Egito e de Canaã fome e grande tribulação
12
Mas tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo, enviou ali nossos pais, a primeira vez.
13
E na segunda vez foi José conhecido por seus irmãos, e a sua linhagem foi manifesta a Faraó.
14
E José mandou chamar a seu pai Jacó, e a toda a sua parentela, que era de setenta e cinco almas.
15
E Jacó desceu ao Egito, e morreu, ele e nossos pais
16
E foram transportados para Siquém, e depositados na sepultura que Abraão comprara por certa soma de dinheiro aos filhos de Emor, pai de Siquém.
17
Aproximando-se, porém, o tempo da promessa que Deus tinha feito a Abraão, o povo cresceu e se multiplicou no Egito
18
Até que se levantou outro rei, que não conhecia a José.
19
Esse, usando de astúcia contra a nossa linhagem, maltratou nossos pais, a ponto de os fazer enjeitar as suas crianças, para que não se multiplicassem.
20
Nesse tempo nasceu Moisés, e era mui formoso, e foi criado três meses em casa de seu pai.
21
E, sendo enjeitado, tomou-o a filha de Faraó, e o criou como seu filho.
22
E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios
23
E, quando completou a idade de quarenta anos, veio-lhe ao coração ir visitar seus irmãos, os filhos de Israel.
24
E, vendo maltratado um deles, o defendeu, e vingou o ofendido, matando o egípcio.
25
E ele cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela sua mão
26
E no dia seguinte, pelejando eles, foi por eles visto, e quis levá-los à paz, dizendo: Homens, sois irmãos
27
E o que ofendia o seu próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz sobre nós?
28
Queres tu matar-me, como ontem mataste o egípcio?
29
E a esta palavra fugiu Moisés, e esteve como estrangeiro na terra de Midiã, onde gerou dois filhos.
30
E, completados quarenta anos, apareceu-lhe o anjo do Senhor no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça.
31
Então Moisés, quando viu isto, se maravilhou da visão
32
Dizendo: Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés, todo trêmulo, não ousava olhar.
33
E disse-lhe o Senhor: Tira as alparcas dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa.
34
Tenho visto atentamente a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi os seus gemidos, e desci a livrá-los. Agora, pois, vem, e enviar-te-ei ao Egito.
35
A este Moisés, ao qual haviam negado, dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz? a este enviou Deus como príncipe e libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera na sarça.
36
Foi este que os conduziu para fora, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, e no Mar Vermelho, e no deserto, por quarenta anos.
37
Este é aquele Moisés que disse aos filhos de Israel: O Senhor vosso Deus vos levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu
38
Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar.
39
Ao qual nossos pais não quiseram obedecer, antes o rejeitaram e em seu coração se tornaram ao Egito,
40
Dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós
41
E naqueles dias fizeram o bezerro, e ofereceram sacrifícios ao ídolo, e se alegraram nas obras das suas mãos.
42
Mas Deus se afastou, e os abandonou a que servissem ao exército do céu, como está escrito no livro dos profetas: Porventura me oferecestes vítimas e sacrifícios No deserto por quarenta anos, ó casa de Israel?
43
Antes tomastes o tabernáculo de Moloque, E a estrela do vosso deus Renfã, Figuras que vós fizestes para as adorar. Transportar-vos-ei, pois, para além da Babilônia.
44
Estava entre nossos pais no deserto o tabernáculo do testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto.
45
O qual, nossos pais, recebendo-o também, o levaram com Josué quando entraram na posse das nações que Deus lançou para fora da presença de nossos pais, até aos dias de Davi,
46
Que achou graça diante de Deus, e pediu que pudesse achar tabernáculo para o Deus de Jacó.
47
E Salomão lhe edificou casa
48
Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta:
49
O céu é o meu trono, E a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? diz o Senhor, Ou qual é o lugar do meu repouso?
50
Porventura não fez a minha mão todas estas coisas?
51
Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo
52
A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas
53
Vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes.
54
E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele.
55
Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus
56
E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus.
57
Mas eles gritaram com grande voz, taparam os seus ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele.
58
E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas capas aos pés de um jovem chamado Saulo.
59
E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.
60
E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.
Capítulo 8
1
E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém
2
E uns homens piedosos foram enterrar Estêvão, e fizeram sobre ele grande pranto.
3
E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas
4
Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra.
5
E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo.
6
E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia
7
Pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz
8
E havia grande alegria naquela cidade.
9
E estava ali um certo homem, chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria, dizendo que era uma grande personagem
10
Ao qual todos atendiam, desde o menor até ao maior, dizendo: Este é a grande virtude de Deus.
11
E atendiam-no, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas.
12
Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres.
13
E creu até o próprio Simão
14
Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João.
15
Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo
16
(Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido
17
Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.
18
E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro,
19
Dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo.
20
Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.
21
Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus.
22
Arrepende-te, pois, dessa tua iniqüidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração
23
Pois vejo que estás em fel de amargura, e em laço de iniqüidade.
24
Respondendo, porém, Simão, disse: Orai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes venha sobre mim.
25
Tendo eles, pois, testificado e falado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém e em muitas aldeias dos samaritanos anunciaram o evangelho.
26
E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta.
27
E levantou-se, e foi
28
Regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.
29
E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro.
30
E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês?
31
E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.
32
E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro
33
Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento
34
E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro?
35
Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus.
36
E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o eunuco: Eis aqui água
37
E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.
38
E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou.
39
E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco
40
E Filipe se achou em Azoto e, indo passando, anunciava o evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesaréia.
Capítulo 9
1
E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote.
2
E pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém.
3
E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
4
E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
5
E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
6
E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer.
7
E os homens, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém.
8
E Saulo levantou-se da terra, e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E, guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco.
9
E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu.
10
E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias
11
E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo
12
E numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver.
13
E respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi acerca deste homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém
14
E aqui tem poder dos principais dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome.
15
Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel.
16
E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome.
17
E Ananias foi, e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo.
18
E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista
19
E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco.
20
E logo nas sinagogas pregava a Cristo, que este é o Filho de Deus.
21
E todos os que o ouviam estavam atônitos, e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes?
22
Saulo, porém, se esforçava muito mais, e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o Cristo.
23
E, tendo passado muitos dias, os judeus tomaram conselho entre si para o matar.
24
Mas as suas ciladas vieram ao conhecimento de Saulo
25
Tomando-o de noite os discípulos o desceram, dentro de um cesto, pelo muro.
26
E, quando Saulo chegou a Jerusalém, procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo.
27
Então Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus.
28
E andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo,
29
E falava ousadamente no nome do Senhor Jesus. Falava e disputava também contra os gregos, mas eles procuravam matá-lo.
30
Sabendo-o, porém, os irmãos, o acompanharam até Cesaréia, e o enviaram a Tarso.
31
Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz, e eram edificadas
32
E aconteceu que, passando Pedro por toda a parte, veio também aos santos que habitavam em Lida.
33
E achou ali certo homem, chamado Enéias, jazendo numa cama havia oito anos, o qual era paralítico.
34
E disse-lhe Pedro: Enéias, Jesus Cristo te dá saúde
35
E viram-no todos os que habitavam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor.
36
E havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que traduzido se diz Dorcas. Esta estava cheia de boas obras e esmolas que fazia.
37
E aconteceu naqueles dias que, enfermando ela, morreu
38
E, como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, lhe mandaram dois homens, rogando-lhe que não se demorasse em vir ter com eles.
39
E, levantando-se Pedro, foi com eles
40
Mas Pedro, fazendo sair a todos, pôs-se de joelhos e orou: e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. E ela abriu os olhos, e, vendo a Pedro, assentou-se.
41
E ele, dando-lhe a mão, a levantou e, chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva.
42
E foi isto notório por toda a Jope, e muitos creram no Senhor.
43
E ficou muitos dias em Jope, com um certo Simão curtidor.
Capítulo 10
1
E havia em Cesaréia um homem por nome Cornélio, centurião da coorte chamada italiana,
2
Piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus.
3
Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio.
4
O qual, fixando os olhos nele, e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus
5
Agora, pois, envia homens a Jope, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro.
6
Este está com um certo Simão curtidor, que tem a sua casa junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer.
7
E, retirando-se o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus criados, e a um piedoso soldado dos que estavam ao seu serviço.
8
E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Jope.
9
E no dia seguinte, indo eles seu caminho, e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta.
10
E tendo fome, quis comer
11
E viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra.
12
No qual havia de todos os animais quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu.
13
E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come.
14
Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda.
15
E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou.
16
E aconteceu isto por três vezes
17
E estando Pedro duvidando entre si acerca do que seria aquela visão que tinha visto, eis que os homens que foram enviados por Cornélio pararam à porta, perguntando pela casa de Simão.
18
E, chamando, perguntaram se Simão, que tinha por sobrenome Pedro, morava ali.
19
E, pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito: Eis que três homens te buscam.
20
Levanta-te pois, desce, e vai com eles, não duvidando
21
E, descendo Pedro para junto dos homens que lhe foram enviados por Cornélio, disse: Sou eu a quem procurais
22
E eles disseram: Cornélio, o centurião, homem justo e temente a Deus, e que tem bom testemunho de toda a nação dos judeus, foi avisado por um santo anjo para que te chamasse a sua casa, e ouvisse as tuas palavras.
23
Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa. E no dia seguinte foi Pedro com eles, e foram com ele alguns irmãos de Jope.
24
E no dia imediato chegaram a Cesaréia. E Cornélio os estava esperando, tendo já convidado os seus parentes e amigos mais íntimos.
25
E aconteceu que, entrando Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo, e, prostrando-se a seus pés o adorou.
26
Mas Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem.
27
E, falando com ele, entrou, e achou muitos que ali se haviam ajuntado.
28
E disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um homem judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros
29
Por isso, sendo chamado, vim sem contradizer. Pergunto, pois, por que razão mandastes chamar-me?
30
E disse Cornélio: Há quatro dias estava eu em jejum até esta hora, orando em minha casa à hora nona.
31
E eis que diante de mim se apresentou um homem com vestes resplandecentes, e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas estão em memória diante de Deus.
32
Envia, pois, a Jope, e manda chamar Simão, o que tem por sobrenome Pedro
33
E logo mandei chamar-te, e bem fizeste em vir. Agora, pois, estamos todos presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto por Deus te é mandado.
34
E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas
35
Mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo.
36
A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo (este é o Senhor de todos)
37
Esta palavra, vós bem sabeis, veio por toda a Judéia, começando pela Galiléia, depois do batismo que João pregou
38
Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude
39
E nós somos testemunhas de todas as coisas que fez, tanto na terra da Judéia como em Jerusalém
40
A este ressuscitou Deus ao terceiro dia, e fez que se manifestasse,
41
Não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus antes ordenara
42
E nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos.
43
A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome.
44
E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
45
E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios.
46
Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus.
47
Respondeu, então, Pedro: Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo?
48
E mandou que fossem batizados em nome do Senhor. Então rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias.
Capítulo 11
1
E ouviram os apóstolos, e os irmãos que estavam na Judéia, que também os gentios tinham recebido a palavra de Deus.
2
E, subindo Pedro a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão,
3
Dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos, e comeste com eles.
4
Mas Pedro começou a fazer-lhes uma exposição por ordem, dizendo:
5
Estando eu orando na cidade de Jope, tive, num arrebatamento dos sentidos, uma visão
6
E, pondo nele os olhos, considerei, e vi animais da terra, quadrúpedes, e feras, e répteis e aves do céu.
7
E ouvi uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro
8
Mas eu disse: De maneira nenhuma, Senhor
9
Mas a voz respondeu-me do céu segunda vez: Não chames tu comum ao que Deus purificou.
10
E sucedeu isto por três vezes
11
E eis que, na mesma hora, pararam, junto da casa em que eu estava, três homens que me foram enviados de Cesaréia.
12
E disse-me o Espírito que fosse com eles, nada duvidando
13
E contou-nos como vira em pé um anjo em sua casa, e lhe dissera: Envia homens a Jope, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro,
14
O qual te dirá palavras com que te salves, tu e toda a tua casa.
15
E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio.
16
E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou com água
17
Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus?
18
E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida.
19
E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.
20
E havia entre eles alguns homens cíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.
21
E a mão do Senhor era com eles
22
E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém
23
O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração
24
Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.
25
E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo
26
E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente
27
E naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia.
28
E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César.
29
E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia.
30
O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo.
Capítulo 12
1
E por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar
2
E matou à espada Tiago, irmão de João.
3
E, vendo que isso agradara aos judeus, continuou, mandando prender também a Pedro. E eram os dias dos ázimos.
4
E, havendo-o prendido, o encerrou na prisão, entregando-o a quatro quaternos de soldados, para que o guardassem, querendo apresentá-lo ao povo depois da páscoa.
5
Pedro, pois, era guardado na prisão
6
E quando Herodes estava para o fazer comparecer, nessa mesma noite estava Pedro dormindo entre dois soldados, ligado com duas cadeias, e os guardas diante da porta guardavam a prisão.
7
E eis que sobreveio o anjo do Senhor, e resplandeceu uma luz na prisão
8
E disse-lhe o anjo: Cinge-te, e ata as tuas alparcas. E ele assim o fez. Disse-lhe mais: Lança às costas a tua capa, e segue-me.
9
E, saindo, o seguia. E não sabia que era real o que estava sendo feito pelo anjo, mas cuidava que via alguma visão.
10
E, quando passaram a primeira e segunda guardas, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si mesma
11
E Pedro, tornando a si, disse: Agora sei verdadeiramente que o Senhor enviou o seu anjo, e me livrou da mão de Herodes, e de tudo o que o povo dos judeus esperava.
12
E, considerando ele nisto, foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam.
13
E, batendo Pedro à porta do pátio, uma menina chamada Rode saiu a escutar
14
E, conhecendo a voz de Pedro, de gozo não abriu a porta, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava à porta.
15
E disseram-lhe: Estás fora de ti. Mas ela afirmava que assim era. E diziam: É o seu anjo.
16
Mas Pedro perseverava em bater e, quando abriram, viram-no, e se espantaram.
17
E acenando-lhes ele com a mão para que se calassem, contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão, e disse: Anunciai isto a Tiago e aos irmãos. E, saindo, partiu para outro lugar.
18
E, sendo já dia, houve não pouco alvoroço entre os soldados sobre o que seria feito de Pedro.
19
E, quando Herodes o procurou e o não achou, feita inquirição aos guardas, mandou-os justiçar. E, partindo da Judéia para Cesaréia, ficou ali.
20
E ele estava irritado com os de Tiro e de Sidom
21
E num dia designado, vestindo Herodes as vestes reais, estava assentado no tribunal e lhes fez uma prática.
22
E o povo exclamava: Voz de Deus, e não de homem.
23
E no mesmo instante feriu-o o anjo do Senhor, porque não deu glória a Deus e, comido de bichos, expirou.
24
E a palavra de Deus crescia e se multiplicava.
25
E Barnabé e Saulo, havendo terminado aquele serviço, voltaram de Jerusalém, levando também consigo a João, que tinha por sobrenome Marcos.
Capítulo 13
1
E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo.
2
E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.
3
Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
4
E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.
5
E, chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus
6
E, havendo atravessado a ilha até Pafos, acharam um certo judeu mágico, falso profeta, chamado Barjesus,
7
O qual estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem prudente. Este, chamando a si Barnabé e Saulo, procurava muito ouvir a palavra de Deus.
8
Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque assim se interpreta o seu nome), procurando apartar da fé o procônsul.
9
Todavia Saulo, que também se chama Paulo, cheio do Espírito Santo, e fixando os olhos nele,
10
Disse: O filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor?
11
Eis aí, pois, agora contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. E no mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre ele e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão.
12
Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor.
13
E, partindo de Pafos, Paulo e os que estavam com ele chegaram a Perge, da Panfília. Mas João, apartando-se deles, voltou para Jerusalém.
14
E eles, saindo de Perge, chegaram a Antioquia, da Pisídia, e, entrando na sinagoga, num dia de sábado, assentaram-se
15
E, depois da lição da lei e dos profetas, lhes mandaram dizer os principais da sinagoga: Homens irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai.
16
E, levantando-se Paulo, e pedindo silêncio com a mão, disse: Homens israelitas, e os que temeis a Deus, ouvi:
17
O Deus deste povo de Israel escolheu a nossos pais, e exaltou o povo, sendo eles estrangeiros na terra do Egito
18
E suportou os seus costumes no deserto por espaço de quase quarenta anos.
19
E, destruindo a sete nações na terra de Canaã, deu-lhes por sorte a terra deles.
20
E, depois disto, por quase quatrocentos e cinqüenta anos, lhes deu juízes, até ao profeta Samuel.
21
E depois pediram um rei, e Deus lhes deu por quarenta anos, a Saul filho de Quis, homem da tribo de Benjamim.
22
E, quando este foi retirado, levantou-lhes como rei a Davi, ao qual também deu testemunho, e disse: Achei a Davi, filho de Jessé, homem conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade.
23
Da descendência deste, conforme a promessa, levantou Deus a Jesus para Salvador de Israel
24
Tendo primeiramente João, antes da vinda dele, pregado a todo o povo de Israel o batismo do arrependimento.
25
Mas João, quando completava a carreira, disse: Quem pensais vós que eu sou? Eu não sou o Cristo
26
Homens irmãos, filhos da geração de Abraão, e os que dentre vós temem a Deus, a vós vos é enviada a palavra desta salvação.
27
Por não terem conhecido a este, os que habitavam em Jerusalém, e os seus príncipes, condenaram-no, cumprindo assim as vozes dos profetas que se lêem todos os sábados.
28
E, embora não achassem alguma causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto.
29
E, havendo eles cumprido todas as coisas que dele estavam escritas, tirando-o do madeiro, o puseram na sepultura
30
Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos.
31
E ele por muitos dias foi visto pelos que subiram com ele da Galiléia a Jerusalém, e são suas testemunhas para com o povo.
32
E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus
33
Como também está escrito no salmo segundo: Meu filho és tu, hoje te gerei.
34
E que o ressuscitaria dentre os mortos, para nunca mais tornar à corrupção, disse-o assim: As santas e fiéis bênçãos de Davi vos darei.
35
Por isso também em outro salmo diz: Não permitirás que o teu santo veja corrupção.
36
Porque, na verdade, tendo Davi no seu tempo servido conforme a vontade de Deus, dormiu, foi posto junto de seus pais e viu a corrupção.
37
Mas aquele a quem Deus ressuscitou nenhuma corrupção viu.
38
Seja-vos, pois, notório, homens irmãos, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados.
39
E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê.
40
Vede, pois, que não venha sobre vós o que está dito nos profetas:
41
Vede, ó desprezadores, e espantai-vos e desaparecei
42
E, saídos os judeus da sinagoga, os gentios rogaram que no sábado seguinte lhes fossem ditas as mesmas coisas.
43
E, despedida a sinagoga, muitos dos judeus e dos prosélitos religiosos seguiram Paulo e Barnabé
44
E no sábado seguinte ajuntou-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus.
45
Então os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava.
46
Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus
47
Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, A fim de que sejas para salvação até os confins da terra.
48
E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor
49
E a palavra do Senhor se divulgava por toda aquela província.
50
Mas os judeus incitaram algumas mulheres religiosas e honestas, e os principais da cidade, e levantaram perseguição contra Paulo e Barnabé, e os lançaram fora dos seus termos.
51
Sacudindo, porém, contra eles o pó dos seus pés, partiram para Icônio.
52
E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.
Capítulo 14
1
E aconteceu que em Icônico entraram juntos na sinagoga dos judeus, e falaram de tal modo que creu uma grande multidão, não só de judeus mas de gregos.
2
Mas os judeus incrédulos incitaram e irritaram, contra os irmãos, os ânimos dos gentios.
3
Detiveram-se, pois, muito tempo, falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho à palavra da sua graça, permitindo que por suas mãos se fizessem sinais e prodígios.
4
E dividiu-se a multidão da cidade
5
E havendo um motim, tanto dos judeus como dos gentios, com os seus principais, para os insultarem e apedrejarem.
6
Sabendo-o eles, fugiram para Listra e Derbe, cidades de Licaônia, e para a província circunvizinha
7
E ali pregavam o evangelho.
8
E estava assentado em Listra certo homem leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado.
9
Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado,
10
Disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou.
11
E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em língua licaónica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós.
12
E chamavam Júpiter a Barnabé, e Mercúrio a Paulo
13
E o sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para a entrada da porta touros e grinaldas, queria com a multidão sacrificar-lhes.
14
Ouvindo, porém, isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes, e saltaram para o meio da multidão, clamando,
15
E dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, o mar, e tudo quanto há neles
16
O qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus próprios caminhos.
17
E contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações.
18
E, dizendo isto, com dificuldade impediram que as multidões lhes sacrificassem.
19
Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e de Icônio que, tendo convencido a multidão, apedrejaram a Paulo e o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto.
20
Mas, rodeando-o os discípulos, levantou-se, e entrou na cidade, e no dia seguinte saiu com Barnabé para Derbe.
21
E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio e Antioquia,
22
Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.
23
E, havendo-lhes, por comum consentimento, eleito anciãos em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.
24
Passando depois por Pisídia, dirigiram-se a Panfília.
25
E, tendo anunciado a palavra em Perge, desceram a Atália.
26
E dali navegaram para Antioquia, de onde tinham sido encomendados à graça de Deus para a obra que já haviam cumprido.
27
E, quando chegaram e reuniram a igreja, relataram quão grandes coisas Deus fizera por eles, e como abrira aos gentios a porta da fé.
28
E ficaram ali não pouco tempo com os discípulos.
Capítulo 15
1
Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos.
2
Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre aquela questão.
3
E eles, sendo acompanhados pela igreja, passavam pela Fenícia e por Samaria, contando a conversão dos gentios
4
E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos apóstolos e anciãos, e lhes anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito com eles.
5
Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés.
6
Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto.
7
E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Homens irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre nós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho, e cressem.
8
E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós
9
E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé.
10
Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?
11
Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também.
12
Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quão grandes sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os gentios.
13
E, havendo-se eles calado, tomou Tiago a palavra, dizendo: Homens irmãos, ouvi-me:
14
Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome.
15
E com isto concordam as palavras dos profetas
16
Depois disto voltarei, E reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, Levantá-lo-ei das suas ruínas, E tornarei a edificá-lo.
17
Para que o restante dos homens busque ao Senhor, E todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, Diz o Senhor, que faz todas estas coisas,
18
Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras.
19
Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus.
20
Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue.
21
Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas.
22
Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja, eleger homens dentre eles e enviá-los com Paulo e Barnabé a Antioquia, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens distintos entre os irmãos.
23
E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos, e os anciãos e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, e Síria e Cilícia, saúde.
24
Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento,
25
Pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo,
26
Homens que já expuseram as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
27
Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos anunciarão também as mesmas coisas.
28
Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias:
29
Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá.
30
Tendo eles então se despedido, partiram para Antioquia e, ajuntando a multidão, entregaram a carta.
31
E, quando a leram, alegraram-se pela exortação.
32
Depois Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram e confirmaram os irmãos com muitas palavras.
33
E, detendo-se ali algum tempo, os irmãos os deixaram voltar em paz para os apóstolos
34
Mas pareceu bem a Silas ficar ali.
35
E Paulo e Barnabé ficaram em Antioquia, ensinando e pregando, com muitos outros, a palavra do Senhor.
36
E alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão.
37
E Barnabé aconselhava que tomassem consigo a João, chamado Marcos.
38
Mas a Paulo parecia razoável que não tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os acompanhou naquela obra.
39
E tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre.
40
E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos à graça de Deus.
41
E passou pela Síria e Cilícia, confirmando as i
Capítulo 16
1
E chegou a Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego
2
Do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio.
3
Paulo quis que este fosse com ele
4
E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém.
5
De sorte que as igrejas eram confirmadas na fé, e cada dia cresciam em número.
6
E, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia.
7
E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu.
8
E, tendo passado por Mísia, desceram a Trôade.
9
E Paulo teve de noite uma visão, em que se apresentou um homem da Macedónia, e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos.
10
E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho.
11
E, navegando de Trôade, fomos correndo em caminho direito para a Samotrácia e, no dia seguinte, para Neápolis
12
E dali para Filipos, que é a primeira cidade desta parte da Macedônia, e é uma colônia
13
E no dia de sábado saímos fora das portas, para a beira do rio, onde se costumava fazer oração
14
E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia.
15
E, depois que foi batizada, ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso.
16
E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores.
17
Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo.
18
E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu.
19
E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas, e os levaram à praça, à presença dos magistrados.
20
E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade,
21
E nos expõem costumes que não nos é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos.
22
E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas.
23
E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança.
24
O qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior, e lhes segurou os pés no tronco.
25
E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam.
26
E de repente sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos.
27
E, acordando o carcereiro, e vendo abertas as portas da prisão, tirou a espada, e quis matar-se, cuidando que os presos já tinham fugido.
28
Mas Paulo clamou com grande voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos.
29
E, pedindo luz, saltou dentro e, todo trêmulo, se prostrou ante Paulo e Silas.
30
E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?
31
E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.
32
E lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa.
33
E, tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes os vergões
34
E, levando-os à sua casa, lhes pôs a mesa
35
E, sendo já dia, os magistrados mandaram quadrilheiros, dizendo: Soltai aqueles homens.
36
E o carcereiro anunciou a Paulo estas palavras, dizendo: Os magistrados mandaram que vos soltasse
37
Mas Paulo replicou: Açoitaram-nos publicamente e, sem sermos condenados, sendo homens romanos, nos lançaram na prisão, e agora encobertamente nos lançam fora? Não será assim
38
E os quadrilheiros foram dizer aos magistrados estas palavras
39
E, vindo, lhes dirigiram súplicas
40
E, saindo da prisão, entraram em casa de Lídia e, vendo os irmãos, os confortaram, e depois partiram.
Capítulo 17
1
E passando por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga de judeus.
2
E Paulo, como tinha por costume, foi ter com eles
3
Expondo e demonstrando que convinha que o Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos. E este Jesus, que vos anuncio, dizia ele, é o Cristo.
4
E alguns deles creram, e ajuntaram-se com Paulo e Silas
5
Mas os judeus desobedientes, movidos de inveja, tomaram consigo alguns homens perversos, dentre os vadios e, ajuntando o povo, alvoroçaram a cidade, e assaltando a casa de Jasom, procuravam trazê-los para junto do povo.
6
E, não os achando, trouxeram Jasom e alguns irmãos à presença dos magistrados da cidade, clamando: Estes que têm alvoroçado o mundo, chegaram também aqui
7
Os quais Jasom recolheu
8
E alvoroçaram a multidão e os principais da cidade, que ouviram estas coisas.
9
Tendo, porém, recebido satisfação de Jasom e dos demais, os soltaram.
10
E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia
11
Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.
12
De sorte que creram muitos deles, e também mulheres gregas da classe nobre, e não poucos homens.
13
Mas, logo que os judeus de Tessalônica souberam que a palavra de Deus também era anunciada por Paulo em Beréia, foram lá, e excitaram as multidões.
14
No mesmo instante os irmãos mandaram a Paulo que fosse até ao mar, mas Silas e Timóteo ficaram ali.
15
E os que acompanhavam Paulo o levaram até Atenas, e, recebendo ordem para que Silas e Timóteo fossem ter com ele o mais depressa possível, partiram.
16
E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria.
17
De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e religiosos, e todos os dias na praça com os que se apresentavam.
18
E alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele
19
E tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas?
20
Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos
21
(Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade).
22
E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos
23
Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.
24
O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens
25
Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa
26
E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação
27
Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar
28
Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos
29
Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens.
30
Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam
31
Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou
32
E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez.
33
E assim Paulo saiu do meio deles.
34
Todavia, chegando alguns homens a ele, creram
Capítulo 18
1
E depois disto partiu Paulo de Atenas, e chegou a Corinto.
2
E, achando um certo judeu por nome Áqüila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles,
3
E, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava
4
E todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos.
5
E, quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, foi Paulo impulsionado no espírito, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo.
6
Mas, resistindo e blasfemando eles, sacudiu as vestes, e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça
7
E, saindo dali, entrou em casa de um homem chamado Tício Justo, que servia a Deus, e cuja casa estava junto da sinagoga.
8
E Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa
9
E disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala, e não te cales
10
Porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade.
11
E ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.
12
Mas, sendo Gálio procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus concordemente contra Paulo, e o levaram ao tribunal,
13
Dizendo: Este persuade os homens a servir a Deus contra a lei.
14
E, querendo Paulo abrir a boca, disse Gálio aos judeus: Se houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime enorme, com razão vos sofreria,
15
Mas, se a questão é de palavras, e de nomes, e da lei que entre vós há, vede-o vós mesmos
16
E expulsou-os do tribunal.
17
Então todos os gregos agarraram Sóstenes, principal da sinagoga, e o feriram diante do tribunal
18
E Paulo, ficando ainda ali muitos dias, despediu-se dos irmãos, e dali navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áqüila, tendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha voto.
19
E chegou a Éfeso, e deixou-os ali
20
E, rogando-lhe eles que ficasse por mais algum tempo, não conveio nisso.
21
Antes se despediu deles, dizendo: É-me de todo preciso celebrar a solenidade que vem em Jerusalém
22
E, chegando a Cesaréia, subiu a Jerusalém e, saudando a igreja, desceu a Antioquia.
23
E, estando ali algum tempo, partiu, passando sucessivamente pela província da Galácia e da Frígia, confirmando a todos os discípulos.
24
E chegou a Éfeso um certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras.
25
Este era instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito, falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor, conhecendo somente o batismo de João.
26
Ele começou a falar ousadamente na sinagoga
27
Querendo ele passar à Acaia, o animaram os irmãos, e escreveram aos discípulos que o recebessem
28
Porque com grande veemência, convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo.
Capítulo 19
1
E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso
2
Disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo.
3
Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo de João.
4
Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo.
5
E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus.
6
E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo
7
E estes eram, ao todo, uns doze homens.
8
E, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do reino de Deus.
9
Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho perante a multidão, retirou-se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias na escola de um certo Tirano.
10
E durou isto por espaço de dois anos
11
E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias.
12
De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam.
13
E alguns dos exorcistas judeus ambulantes tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega.
14
E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, principal dos sacerdotes.
15
Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus, e bem sei quem é Paulo
16
E, saltando neles o homem que tinha o espírito maligno, e assenhoreando-se de todos, pôde mais do que eles
17
E foi isto notório a todos os que habitavam em Éfeso, tanto judeus como gregos
18
E muitos dos que tinham crido vinham, confessando e publicando os seus feitos.
19
Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinqüenta mil peças de prata.
20
Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia.
21
E, cumpridas estas coisas, Paulo propôs, em espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e pela Acaia, dizendo: Depois que houver estado ali, importa-me ver também Roma.
22
E, enviando à Macedônia dois daqueles que o serviam, Timóteo e Erasto, ficou ele por algum tempo na Ásia.
23
E, naquele mesmo tempo, houve um não pequeno alvoroço acerca do Caminho.
24
Porque um certo ourives da prata, por nome Demétrio, que fazia de prata nichos de Diana, dava não pouco lucro aos artífices,
25
Aos quais, havendo-os ajuntado com os oficiais de obras semelhantes, disse: Senhores, vós bem sabeis que deste ofício temos a nossa prosperidade
26
E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos.
27
E não somente há o perigo de que a nossa profissão caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo veneram.
28
E, ouvindo-o, encheram-se de ira, e clamaram, dizendo: Grande é a Diana dos efésios.
29
E encheu-se de confusão toda a cidade e, unânimes, correram ao teatro, arrebatando a Gaio e a Aristarco, macedônios, companheiros de Paulo na viagem.
30
E, querendo Paulo apresentar-se ao povo, não lho permitiram os discípulos.
31
E também alguns dos principais da Ásia, que eram seus amigos, lhe rogaram que não se apresentasse no teatro.
32
Uns, pois, clamavam de uma maneira, outros de outra, porque o ajuntamento era confuso
33
Então tiraram Alexandre dentre a multidão, impelindo-o os judeus para diante
34
Mas quando conheceram que era judeu, todos unanimemente levantaram a voz, clamando por espaço de quase duas horas: Grande é a Diana dos efésios.
35
Então o escrivão da cidade, tendo apaziguado a multidão, disse: Homens efésios, qual é o homem que não sabe que a cidade dos efésios é a guardadora do templo da grande deusa Diana, e da imagem que desceu de Júpiter?
36
Ora, não podendo isto ser contraditado, convém que vos aplaqueis e nada façais temerariamente
37
Porque estes homens que aqui trouxestes nem são sacrílegos nem blasfemam da vossa deusa.
38
Mas, se Demétrio e os artífices que estão com ele têm alguma coisa contra alguém, há audiências e há procônsules
39
E, se alguma outra coisa demandais, averiguar-se-á em legítima assembléia.